segunda-feira, 1 de abril de 2013

AS MOSCAS E AS ARANHAS


        Certo dia detive-me, numa adega, a observar as suas longas teias de aranha. Algumas estavam cheias de pó, desfazendo-se em farrapos. Outras exibiam os seus fios de seda brilhantes, rodeando a sua autora - a aranha.
As aranhas são seres que sempre me inspiraram curiosidade e alguma repulsa. São belas, artisticamente desenhadas, de traços precisos, longos e esguios. Simétricas. A sua forma de andar é, contudo, algo pegajosa.... Subreptícia... Traiçoeira... E depois causa-me impressão a forma insensível como rodeiam as moscas, ainda vivas, naquela goma, e as deixam lá a agonizar.
A aranha mantém-se estática, como morta, por longos períodos. Mexe-se só quando sente o perigo, ou uma refeição. Resolve o problema rápida e eficazmente e volta à sua imobilidade. Ela sabe, não sei eu como, que uma mosca virá e a fará ganhar o seu dia.
Não duvida, quando faz a sua teia. Não se põe a pensar: será que este é lugar propício para apanhar moscas? Não corre o mundo em busca do lugar ideal para as suas teias. Fá-la e espera. Confia. E as moscas vêm.
Já a mosca é um ser que é incapaz de estar quieto. Voa nervosamente em círculos, na penumbra. De vez em quanto zanga-se com as outras moscas vizinhas e rodopiam, arreliadas umas em volta das outras... Depois assumem as suas trajectórias fúteis e voam... Como se algo invisível as impelisse continuamente a voar. Não sei como não se cansam... Provavelmente voam mesmo que cansadas, cumprindo o seu papel de moscas: até cair na teia e aí assumem um novo papel de comida de aranha. Penso que o seu estrebuchar, mais do que uma luta perdida pela vida, se destina a causar algum prazer sádico às aranhas - não deixa de ser uma forma de entrega.
Absorto na contemplação dos insectos, verifiquei que podemos igualmente dividir a humanidade em dois grupos, numa analogia taxonómica, em homens-mosca e homens-aranha. Não falamos de super-heróis, nada disso. Os homem-insecto, somos todos nós. Ilustremos com exemplos:
O vendedor, numa loja, é homem-aranha. Enche as suas prateleiras, decora a sua montra e espera que entrem os clientes-mosca. O caixeiro viajante é um vendedor-mosca, exercendo o seu múnus para uma série de potenciais compradores-aranha. O jogador de futebol é também mosca zumbindo no relvado, até ser sugado pelo seu empresário-aranha, pelo bancário-aranha, e assim por aí fora.
Já o professor, seja ele de assuntos académicos, ou mais pragmáticos, é uma mosca, que divide o seu trabalho entre escolas, centros de formação, e institutos com donos-aranha. A modelo é mosca. O fotógrafo é aranha. Os trabalhadores agrícolas sazonais de outrora, os ratinhos, os caramelos e os gaibéus eram as moscas, deslocando-se entre as teias dos latifundiários-aranha.
Mas a questão é infinitamente mais complexa e não se reduz à componente profissional. Nas relações amorosas há homens e mulheres moscas e aranhas.
Duas gerações atrás, os homens-mosca zumbiam pelos bares, entorpecendo a sua luxúria pelo tabaco, criando coragem nos copos até caírem nas teias das mulheres-aranha, que aguardavam sentadas nos seus bancos, porventura escoltadas pelas mães, um convite para dançar.
Hoje os papéis misturam-se: a adolescente-mosca, insegura da sua aparência, excede-se no álcool, na dança e nas palavras, na esperança de atrair as atenções do sabidão adolescente aranha, que se mantêm sorridente e confiante, a um dos lados da pista de dança na discoteca.
Já o adolescente-mosca, pergunta, tentando sorrir, e meio gaguejando: Posso-te conhecer? à sua congénere aranha.
Resumindo, atrair, seduzir, gostar, é coisa de aranha. Ser-se seduzido, apaixonar-se, é coisa de mosca.

Depois destas lucubrações, assaltou-me uma dúvida existencial: O escritor é tipicamente aranha, enredando os leitores-mosca, na teia da sua história... Mas, no que diz respeito aos relacionamentos, talvez por uma questão de tradicionalismo, reconheço ter cumprido zelosamente o meu masculino papel de mosca. Não sei se ascenderei algum dia à condição de aranha, ou se terminarei os meus dias debatendo-me em alguma teia... Não que isso me preocupe particularmente. Se assim fôr, debater-me-hei, quanto mais não seja, para proporcionar à minha prospectiva mulher-aranha, um espectáculo digno e suficientemente credível.

Conformado com a probabilidade da minha eterna mosquisse, voltei minhas atenções para uma realidade mais alargada: Haverão comunidades-mosca, países-mosca? Em segundos concluí que sim.
Portugal é o mais acabado exemplo de país-mosca... Zumbindo pelos mares,  nos Descobrimentos, achando novas rotas e novos povos, para os entregar de bandeja aos ingleses e holandeses-aranha, alguns séculos depois. Zumbindo, na actualidade, já no parlamento europeu, cumprindo metas e alvos traçados pelos alemães-aranha.
Está na altura de despir a nossa mosquisse e assumir alguma aranhisse. É mister que deixemos de zumbir por esmolas. É mister que deixemos de nos envolver em questiúnculas tais como as moscas das adegas... que deixemos de consumir as nossas energias em debates estéreis, unicamente pela imperativa necessidade de debater e de ter razão.
Temos imperiosamente de reconstruir a teia dos nossos recursos e potencialidades, de modo a atrair os investidores-mosca. Há que dar valor ao que temos e que nem sequer é assim tão pouco.
A aranhisse, quiçá, talvez se aprenda...



sábado, 30 de março de 2013

Desejamos a todos os leitores uma santa Páscoa!!! 



Lamego, 29/3/2013 - Procissão do Enterro do Senhor



terça-feira, 19 de março de 2013

Prevê-se o calor do debate político, tendo como pano de fundo a confraternização e a amizade.

Com a aproximação da data, anunciar-se-ão os pormenores do almoço/convívio a decorrer no mesmo dia.

sexta-feira, 1 de março de 2013

Os Novos Rolos nas Livrarias PAULUS

Os Novos Rolos chegaram às Livrarias PAULUS
Podem encontrá-los em Lisboa:
Rua de São Nicolau, 83-85
1100-548 LISBOA

Em Fátima:
Rua São Vicente de Paulo, 30
2495-456 FÁTIMA

Ou encomendá-los através do site PAULUS e nas restantes livrarias Paulus.

Veja no mapa qual o ponto de venda mais perto de si.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013



Carta aberta a D. Carlos Azevedo 

Excelentíssimo, Reverendíssimo D. Carlos Alberto de Pinto Moreira de Azevedo, 

        Recebi ontem, pelo facebook, a notícia do Expresso que o indicava como acusado de assédio sexual de seminaristas. Não posso dizer que fiquei particularmente surpreendido. Pessoas que conheço ligadas à Igreja tinham referido em conversa particular episódios desse tipo na diocese de Lisboa, sem referir nomes, indicando também a forte possibilidade de D. Manuel Clemente vir a ocupar num futuro próximo o cargo de Patriarca, logicamente preterindo-o a si como Bispo Auxiliar. Não sendo grande conhecedor da hierarquia eclesiástica no nosso país, na altura não liguei essas informações ao seu nome; aliás nem nunca tive a possibilidade de o conhecer pessoalmente. 
       Agora, perante o que veio nos meios de comunicação social, tudo se encaixa. 
       Penaliza-me que o nosso Patriarca alegadamente soubesse da situação e nada fizesse, que nos fosse visível; tal como D. Januário Torgal Ferreira o qual, segundo os meios de comunicação social, também dela saberia. Segundo todas as probabilidades, D. Manuel Clemente também estaria informado da sua possível vinda para Lisboa e dos seus motivos, o que nos leva a congeminar que talvez toda a Conferência Episcopal assim o soubesse. 
       Penaliza-me igualmente que o Rev. Pe. Nuno Ferreira da Silva tenha escondido o seu segredo por algumas décadas, usando-o agora (alegadamente) para impedir o seu acesso ao Patriarcado, numa notícia que sai poucos dias depois do anúncio da renúncia do nosso Papa. Imagino-me numa situação idêntica e penso que semelhantes acções teriam consequências em segundos deixando marcas visíveis por anos na face de quem me tentasse assediar. Numa primeira análise acho a atitude dele bastante cobarde e a sua, se for verdade, bastante repugnante. 
      Mas não me cabe julgá-los. Deus os está julgando e continuará a julgá-los por toda a Eternidade. Mas há, contudo uma frase, que me deixou ainda mais enjoado, a ser verdadeira. É a manchete de hoje, do Correio da Manhã, em que, a ser verdade, V.Ex.ª Rev.ma: “Querem Destruir-me”. Se a frase é sua, demonstra, senão a culpa, pelo menos uma grande inversão na sua ordem de valores. Querem destruí-lo por quê e para quê? E se o quiserem mesmo destruir, qual é o problema? Não destruíram a Cristo? Preocupava-se Jesus Cristo com o ser chamado de comilão e beberrão, amigo de publicanos e de meretrizes? Se o quiserem destruir, é uma oportunidade que lhe dão de cumprir o Ministério que voluntariamente aceitou.
      A sua preocupação, permita-me que lhe diga, devia ser não consigo, mas com a Igreja que jurou servir. Uma Igreja que neste momento perde consigo e com os que consigo colaboraram na ocultação de semelhantes episódios, grande parte do seu papel no auxílio espiritual e no consolo de uma população que sofre. Entre governantes corruptos e pastores concupiscentes, para onde correremos nós? Recordo-lhe uma simples frase da Escritura, referente aos bispos: Oportet autem illum et testimonium habere bonum ab his, qui foris sunt, ut non in opprobrium incidat et laqueum Diaboli. / Mas é necessário também que ele goze de boa reputação entre os de fora, para não cair no descrédito e nas ciladas do diabo. (1 Timóteo, 3,7). Não importa aqui se se é culpado ou inocente: o foco aqui é a sua reputação, que está neste momento indelevelmente manchada. 
      Mais do que provar a sua inocência, é mister que renuncie. Da mesma forma que é mister que façam penitência todos os que, por cobardia, comodismo, ou por qualquer motivo idêntico, colaboraram com V.Ex.ª Rev.ma, através do seu silêncio. Ontem fui ridicularizado como Católico por sua causa - não por causa do Cristo, mas por sua causa. E não gostei. O próprio Cristo, foi uma vez mais crucificado por sua causa. 
       Ontem finalmente percebi como foi possível uma população esmagadoramente católica, participar, ou pelo menos assistir passivamente, às atrocidades cometidas contra o clero, na Revolução Francesa.

       Fazei penitência.
       Devolvei-nos a confiança em vós.

       Do seu irmão em Cristo,
 
                                                 Alexandre Ribeiro dos Santos

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Chegámos a Coimbra

Os Novos Rolos chegaram à cidade dos estudantes.
Estão à venda na Livraria Minerva Veja no mapa qual o ponto de venda mais perto de si.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Novos locais de venda

Para os nossos seguidores, relembramos os pontos de venda actuais:

LISBOA
» Livraria Sá da Costa (Chiado)
» Livraria Ler Devagar (Alcântara)
» Fabula Urbis (Zona da Sé de Lisboa)
» PaperZone - Loja Telheiras XXI (Telheiras)

Vila Franca de Xira:
» Livraria Mensagem Aberta

Lamego:
» Livraria Solumen
» Livraria Tecliber

Guimarães
» Livraria Ideal LCC

Braga
» Livraria 100ª Página

Póvoa do Varzim
» Livraria Minerva